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    No princípio, havia somente o caos. Um dia após o outro, num total de seis dias, Deus transformou o caos na mais bela e surpreendente criação. Deus ordenou que houvesse luz em meio às trevas. Deus ordenou que houvesse terra seca e mares. Deus chamou à existência uma grande variedade de plantas e animais. Por fim, Deus criou homem e mulher à sua imagem: com dois sexos biológicos distintos e papéis específicos, mas complementares (Gênesis 1-2).

    De acordo com Gênesis 2:8, Deus criou a mulher para ajudar (em hebraico, ezer) o homem de forma a complementar (em hebraico, neged) a imagem do verdadeiro ezer, o próprio Deus . Deus abençoou homem e mulher para cumprirem juntos uma missão comum: de frutificarem e se multiplicarem, de encherem a terra e sujeitarem-na; e de dominarem sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

    Até a queda do homem e da mulher pelo pecado, essa relação perfeita de complementariedade, estabelecida por Deus, existia. A queda, porém, influenciou toda a condição humana, inclusive o sexo biológico e a relação e o papel social do homem e da mulher. O versículo 16 de Gênesis 3 traz as consequências do pecado para a mulher: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. A mulher foi criada para complementar o homem enquanto imagem de Deus na terra (ezer). Contudo, depois da queda, ela passa a se frustrar ao tentar ajudar o homem, que também passaria a pagar o preço pelo seu pecado.

    O homem foi criado para trabalhar e cuidar do jardim, para dominar sobre a terra e tudo o que nela há. Entretanto, a queda tornou o trabalho na terra pesado, custoso, difícil: com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás (Gênesis 3:17-19).

    Após a queda, portanto, a relação equilibrada e complementar entre homem e mulher, estabelecida por Deus, se perde e abre espaço para que a cultura de cada local e em cada contexto histórico molde a relação e o papel de homens e mulheres na sociedade.

    Na atualidade, em muitas culturas, tanto dentro como fora da igreja, mulheres não são portadoras de direitos e são sistematicamente oprimidas, assediadas e desprovidas de liberdades básicas na sociedade e na sua relação com o homem. Nesses locais, predomina uma visão sexista da relação e do papel de cada sexo biológico, que atribui ao homem maior valor e mais dignidade e, portanto, superioridade em relação à mulher.

    Sociedades sexistas distinguem homens e mulheres hierarquicamente e dividem as funções sociais a partir dessa relação vertical e individualizada. Nelas, estabelece-se uma relação de patriarcado, isto é, de dominação e controle do homem sobre a mulher, cabendo ao homem e à mulher certas atividades e posições na sociedade específicas, que não se intercambiam, nem devem ser desafiadas. Sob essa ótica, menospreza-se o que homem e mulher podem e devem fazer juntos, enquanto portadores da imagem de Deus, cada um com suas características e seu igual valor e dignidade diante do Criador.

    Sob a ótica bíblica, portanto, a relação e o papel complementares dos dois sexos biológicos, criados com o mesmo propósito e com algumas capacidades e dons iguais e outros diferentes, são indispensáveis para uma sociedade saudável e sustentável. É a interação equilibrada e complementar de homem e mulher, remidos em Cristo, que possibilita que a humanidade usufrute da boa, perfeita e agradável vontade de Deus, experimentada por Adão e Eva antes da queda.

    Cristo, ao vir ao mundo, ofereceu (e oferece hoje) a esperança de reconciliação entre os sexos. Homem e mulher podem juntos cumprir sua missão de frutificar, se multiplicar, encher a terra e sujeitá-la, e assim refletir integralmente a imagem de Deus nesta terra (ezer). Mas para isso, é necessário compreender que homem e mulher são iguais, mas diferentes, e, como tais, complementam-se enquanto imagem de Deus e no cumprimento de sua missão cultural na terra.

     

    Notas:

    1]Deus é chamado de ezer em Deuteronômio 33:29 e em mais 15 referências no Antigo Testamento.