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    Não é consenso, mas acredita-se que o movimento feminista teve inicio a partir da revolução Francesa (1789) no período iluminista. As teorias feministas afirmam que a partir do surgimento deste movimento, as mulheres passaram a lutar por direitos iguais. Não é objetivo deste texto tratar sobre o feminismo; contudo, é importante destacar que a luta pela igualdade e respeito à mulher antecedeu as origens do movimento feminista. Ela se iniciou com a reforma protestante em 1517.

    Os princípios reformatórios, “Somente a Escritura, Somente a Fé, Somente Cristo, Somente a Graça e Somente Deus”, ea defesa de que a salvação vem pela graça por meio de Cristo Jesus, possibilitaram o entendimento de que homens e mulheres são iguais perante Deus.

    Lutero e os principais reformadores praticaram e divulgaram esses princípios, o que fez com que várias mulheres, respaldadas nos princípios da reforma, deixassem suas vidas em monastérios e passassem a viver e se reunir com as famílias dos reformadores, e a influenciar e ter papel essencial na Reforma.

    Uma dessas mulheres que se posicionou em defesa do evangelho e influenciou o pensamento da época sobre o papel da mulher na sociedade foi Katharina von Bora, ex-freira e esposa de Lutero. Ela foi chamada pelo próprio Lutero em suas cartas de “juíza no mercado de porcos, querida dona de casa, doutora, estrela da manhã e mercadora”, entre outros nomes carinhosos e nomes que demonstravam sua atuação na sociedade.

    Em um tempo onde o único papel da mulher era dar herdeiros a seus maridos, atribuir à mulher tratamentos como “doutora” e “mercadora” mostra que a esposa de Lutero exercia atividades que, em sua época, eram realizadas somente por homens. O próprio Lutero elogiou Katharina como uma mulher ativa no meio público, negociando e gerenciando os bens da família, atividade que era exercida exclusivamente por homens.

    As cartas de Lutero também mostram que Katharina participava de conversas à mesa com estudantes e visitantes que iam a sua casa. Ela interagia em debates teológicos, principalmente quando Lutero estava viajando, o que, para a época, representava grande avanço, porque as mulheres quase não possuíam condições de receberem educação formal, muito menos de participar de debates.

    Elisabeth von Calenberg-Göttingen foi uma mulher notável da Idade Média. Ela governou durante seis anos (1540- 1546) após a morte do seu marido e, nesse período, introduziu a Reforma protestante em seu território. Ela teve destaque também como escritora e estudiosa leiga de teologia.

    Outra mulher que marcou seu tempo pós-reforma protestante foi Katharina Schütz Zell. Katharina foi tratada por seu marido como ministra/pastora assistente, o que era muito avançado para a época. Ela pregou três vezes em público em um período em que só homens assumiam este papel. Além de acolher refugiados em sua casa, ela escreveu cartas e buscou dialogar ecumenicamente com vários reformadores.

    Assim como as mulheres acima destacadas, várias outras também tiveram papel importante na e após a reforma protestante. Os princípios da reforma igualaram homens e mulheres em termos de valor e de importância na sociedade. Também apregoaram a liberdade de oportunidade e de acesso a todos indiscriminadamente. Homens e mulheres apresentavam, igualmente, um papel relevante, singular e complementar para o avanço do Reino de Deus na terra. Homens e mulheres apresentavam igual liberdade para servir na sociedade segundo o chamado de Deus para suas vidas.

    A Reforma Protestante, portanto, buscou resgatar a igualdade de valor entre homens e mulheres e o papel social da mulher estabelecido por Deus nas Escrituras. Se hoje ainda precisamos lutar por igualdade entre homens e mulheres, que lutemos a partir da visão cristã de mulher, resgatada pela Reforma, e não a partir da visão feminista atual.