Deus ama a família. A Bíblia se inicia com um casamento e termina com outro. Do primeiro casamento de Gênesis ao casamento de Cristo e sua Igreja no Apocalipse, vemos o casamento e a família sendo estabelecidos como instituição sagrada. O próprio Cristo desafio sua própria cultura da forma como Ele tratou as mulheres e lhes deu voz e credibilidade. Jesus, muitas vezes, violou a lei rabínica tradicional, por exemplo, ao conversar com a mulher junto ao poço (Jo 4:4-29) ou com a mulher adúltera (Jo 8:1-11), além de ter aparecido primeiro a elas quando ressuscitou (Mt 28:1-10).
Jesus também foi um reformador do casamento. Ele ensinou sobre a igualdade entre marido e mulher, sobre a monogamia (“assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” – Mt 19:6) e elevou o padrão quando disse que, se um homem desejar uma mulher, ele já cometeu adultério em seu coração com ela (Mt 5:28). A igreja primitiva condenou o divórcio, a infidelidade conjugal e a poligamia e uma nova cultura de respeito surgiu como resultado dos valores cristãos: “O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros” (Hb 13.4).
Infelizmente, a configuração familiar tem sofrido mudanças significativas desde a década de 1970 no Brasil. A aprovação da Lei do Divórcio e a redefinição de casamento, a disseminação do discurso de igualdade de gênero somado à dissolução das diferenças de papeis sociais entre homem e mulher, assim como a inserção da mulher no mercado de trabalho e o incentivo ao planejamento familiar voltado para o controle de natalidade, contribuíram, de forma decisiva, para a reconfiguração da família natural. Os casamentos têm durado cada vez menos, o número de divórcios tem crescido ininterruptamente, o número de filhos por casal tem reduzido progressivamente, e as famílias formadas por ambos os pais com seus filhos têm sido gradualmente substituídas por famílias monoparentais, unipessoais e recompostas e até por configurações homoparentais. A família natural tem paulatinamente deixado de ser unidade de proteção, educação e cuidado para assumir, cada vez mais, o papel de unidade de consumo e de trocas auto interessadas.
Essa configuração familiar atual encontra-se completamente distante do modelo de família natural criado por Deus. Ao instituir a família (Gn 1.28; I Tm 5.10), Deus atribuiu-lhe o dever de procriar, de se multiplicar e povoar a terra. Tudo o que diz e produz o contrário, como o divórcio, é, portanto, “odiado” por Deus. Em que pese a importância do planejamento familiar na constituição da família, não há, na Bíblia, qualquer indicação acerca da necessidade de um controle de natalidade, nem tampouco uma flexibilização desse papel da família em nome de um desejo pessoal de não querer ter filhos. Essa mentalidade reproduz uma visão ateísta-secular de mundo, que tem sido disseminada amplamente via educação e mídia e tem alcançado parcela expressiva dos Cristãos no Brasil e no mundo. Como consequência, os pais têm deixado de receber heranças do Senhor, galardões de Deus, que são os filhos (Sl 127).
Deus estabeleceu uma hierarquia de comando no lar que garante paz e ordem (I Co 11.3; Ef 6.1-4). Os pais, depois de Deus, são os que têm a primeira responsabilidade no lar (Dt 6.6-9; Ef 6.4) e devem disciplinar e orientar seus filhos no caminho do Senhor (Pv 13.24). Os pais têm a responsabilidade de glorificar a Deus pela instrução dada aos filhos. Os filhos têm responsabilidade de glorificar a Deus pela honra que dão aos pais. Todos no lar têm responsabilidade de glorificar a Deus (Ef 6.1-4).
Filhos têm como obrigação obedecer os pais e os pais têm a obrigação de obedecer a Deus. Essa ação de obedecer não é opção dos pais e nem dos filhos (Ef 6.1; Cl. 3.20). Se os pais forem obedientes a Deus, os filhos saberão o caminho que devem andar (Dt 6.6-9) e tais filhos, andando naqueles caminhos, terão grande recompensas.
A família natural é, por fim, unidade de cuidado e provisão, lugar primário de assistência social. Na perspectiva do Reino, compete à família os cuidados relacionados à saúde e às garantias sociais. Enquanto fonte de amor (Ef 5.22-33 e 6.1-4), a família consiste na primeira linha de proteção contra doenças, pobreza e ruína financeira. É ela a responsável pelo cuidado da saúde física (ITm 5.4, 8, 10, 16; Dt 15.7, 8, 11; 14.28-29) e financeira de seus membros (2Co 14.14, Pv 19.14, Dt 21.17). Essas funções também não cabem ao Estado, o que contraria o que tem sido amplamente defendido pela academia e pela mídia.
A família tem um papel chave e decisivo em toda Nação. Cabe a ela formar crianças que contribuirão para a economia e o crescimento do país; cabe a ela educar a próxima geração de líderes da Nação; cabe a ela oferecer cuidado e provisão para seus idosos. Se, portanto, queremos um Brasil transformado nos moldes do Reino de Deus, as famílias brasileiras precisam reassumir e exercer tais papeis a elas dados por Deus!
Como cristãos, somos desafiados a lutar contra o tráfico de meninas e mulheres como objetos sexuais, seja em culturas orientais, seja no machismo da cultura latina ou na escravidão sexual. Somos chamados a tratar todos, homens e mulheres, com respeito e dignidade e a não colocarmos o nosso valor naquilo que produzimos ou no cargo que ocupamos. Somos impulsionados a criar ambientes amigáveis para que as mulheres descubram seu pleno potencial em Deus e homens aprendam a como serem líderes e servos como Jesus. Somos incentivados a valorizar a maternidade, a paternidade, a criação de filhos e a construção do lar e a mostrar a santidade do casamento em ações e palavras, para que o grande casamento da noiva e do cordeiro sejam glorificados. Somos chamados a construir casamento fieis e bonitos que exalem a beleza de Cristo e a ensinar nossos jovens a importância de se guardarem sexualmente para seus parceiros conjugais. Devemos nos envolver na luta contra a mutilação genital feminina, a pornografia, prostituição, violência doméstica e educação para meninos e meninas. Se nossas famílias forem bem, tudo irá bem.