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    Muito se tem ouvido falar sobre a tal “ideologia ou perspectiva de gênero”. De modo geral, ela tem sido vinculada à busca pela igualdade entre o sexo masculino e o feminino com a finalidade de superar preconceitos, discriminações e violências sofridos pelas mulheres e por grupos minoritários, sobretudo, LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). À primeira vista, a proposta soa agradável e produz uma aceitação quase imediata por parte de parcela expressiva dos ouvintes que almeja viver em um país onde o amor e o respeito prevalecem, independente de sexo, cor, raça, religião e condição socioeconômica.

    No entanto, o discurso em favor da igualdade e da superação do preconceito esconde a verdadeira identidade da ideologia de gênero e o conjunto de mazelas, de problemas que a adoção da mesma acarreta para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, para as famílias e, consequentemente, para a sociedade.

    A ideologia de gênero defende que sexo e gênero são características humanas distintas, de modo que o sexo se refere ao aspecto biológico (macho e fêmea), enquanto o gênero consiste em uma construção pessoal e social, que classifica os seres humanos em gênero feminino e gênero masculino. Sob esta ótica, o fato de nascer com órgão sexual masculino ou feminino determina o sexo, mas não o gênero e a orientação sexual da pessoa. O gênero resultaria de escolhas feitas pelo macho e pela fêmea a partir das relações sociais por eles estabelecidas.

    Uma vez que os indivíduos apresentam o direito de decidir sobre seu gênero, eles também têm o direito de decidir livremente em relação às demais esferas da vida. Se há a aceitação legal de que a heterossexualidade não é a sexualidade natural, mas uma construção social “biologizada”, abre-se precedente para a desconstrução da família e do casamento, para a liberação sexual e para o aborto legalizado.

    Para justificar sua adoção, os defensores da Ideologia de Gênero afirmam que os seres humanos podem ser divididos em dois sexos, mas estes sexos possibilitariam combinações distintas para além de homens e mulheres, como os hermafroditas ou hermes (nos quais há ao mesmo tempo um testículo e um ovário), as hermafroditas masculinos ou mermes (pessoas que possuem testículos, mas apresentam outras características sexuais femininas); e os hermafroditas femininos ou fermes (pessoas com ovários, mas com características sexuais masculinas).

    Tal construção lógica é, porém, limitada. O hermafroditismo constitui uma deformidade congênita, uma tragédia que nada prova que há mais de dois sexos e que a heterossexualidade não é natural. Assim como o nascimento de alguns bebês cegos, surdos ou mudos não prova não ser natural que os homens enxerguem, ouçam e falem, os distúrbios morfológicos e fisiológicos que caracterizam o hermafroditismo não provam que o sexo masculino e o feminino não são os únicos naturais. O sexo biológico não é determinado por órgãos externos, mas pela estrutura genética. Cada célula do ser humano é claramente marcada masculina ou feminina e, como decorrência, todo ser humano nasce homem ou mulher.

    Além disso, para os defensores da Ideologia de Gênero, a diferença de sexo provocaria desigualdade e essa desigualdade geraria injustiça social. Isso não se aplica, porém, à natureza. Ela é diversa, variada, mas não necessariamente desigual e injustiça. A natureza humana é biologicamente diferente, mas não é desigual em seus aspectos sexuais. A desigualdade existe, sim, mas em questões sociais, como acesso a serviços e remuneração profissional. Essas desigualdades são construídas social e culturalmente e devem, sim, ser combatidas. Já o sexo não o é. Ele não é uma construção humana, é da natureza humana e não pode ser alterado.

    Quando há a dissociação entre sexo e gênero do indivíduo, há um desequilíbrio, uma disfuncionalidade no desenvolvimento natural do mesmo. Segundo a American College of Pediatricians, “quando um menino biologicamente saudável acredita que é uma menina, ou uma menina biologicamente saudável acredita que é um menino, existe um problema psicológico objetivo, que está na mente, não no corpo, e deve ser tratado dessa forma. Essas crianças sofrem de disforia de gênero, formalmente conhecida como transtorno de identidade de gênero, uma desordem mental reconhecida na edição mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico da American Psychiatric Association”1.

    Enquanto uma desordem mental, a disforia de gênero gera consequências para as crianças e adolescentes que não recebem os cuidados necessários para tratá-la. Ela gera confusão no processo de formação de identidade dos mesmos, fazendo-os perder as referências; ela produz sexualização precoce, na medida em que promove a necessidade de uma diversidade de experiências sexuais para a formação do próprio “gênero”; ela banaliza a sexualidade humana, dando ensejo ao aumento da violência sexual (abuso, exploração e estupro) sobretudo contra mulheres e homossexuais; e ela usurpa a autoridade dos pais em matéria de educação de seus filhos, principalmente em temas de moral e sexualidade, já que todas as crianças serão submetidas à influência dessa ideologia, muitas vezes sem o conhecimento e o consentimento dos pais.

    Além disso, crianças e adolescentes que usam bloqueadores de puberdade para personificar o sexo oposto apresentam maiores chances de ter pressão alta, coágulos sanguíneos, AVC, câncer, entre outros problemas sérios de saúde. Estudos mostram ainda que as taxas de suicídio são vinte vezes maiores entre adultos que usam hormônios do sexo oposto e passam por cirurgias de mudança de sexo2.

    Desse modo, não há nada de natural e funcional na perspectiva de gênero. Pelo contrário, encará-la como tal e não prestar a devida assistência e tratamento a crianças e adolescentes que sofrem de disforia de gênero é abuso infantil; é condicioná-los a acreditar que uma vida inteira de negação do sexo biológico é normal e saudável, o que não consiste na realidade. Trata-se, sem dúvida, de uma violência arbitrária do Estado; de uma ingerência ilegal do Estado na esfera da família.

    Dizer NÃO à ideologia de gênero no ensino e nas políticas públicas é, portanto, proteger nossas crianças e adolescentes (e futuros adultos) de transtornos mentais com perigosas consequências físicas tardias para os mesmos.

     

    Notas:

    1 Disponível em http://www.acpeds.org/the-college-speaks/position-statements/gender-ideology-harms-children.

    2 Vide anterior.