Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo (Colossenses 2.8).
A educação é uma das ferramentas mais importantes para propagação do evangelho da verdade. Conhecer a Palavra de Deus garante ao cristão a correta interpretação e interação com a sociedade. A Bíblia nos apresenta, em diversos trechos, a necessidade de conhecer a Palavra para se proteger do engano e dos falsos ensinamentos. Assim, sem a Palavra de Deus, estamos totalmente vulneráveis a ensinamentos seculares que não tem Deus como centro. O resultado disto é que, ainda que professemos nossa fé em Jesus, iremos interagir com o mundo de maneira diversa ao que Deus deseja e não exerceremos a influência do reino que nos compete.
A palavra educação tem sua raiz na palavra “educare” que significa derramar e extrair. Em outros dizeres, educar demanda ensinar e aprender. Uma vez que a verdadeira educação deve partir de uma cosmovisão bíblica, sua base está firmada, primeiramente, em trabalhar o caráter do ser humano. Apenas com o caráter de Cristo cravado em nossa mente e coração, seremos capazes de avançar o reino; e, por conseguinte, contribuir para transformação do nosso país.
O que todo cristão precisa entender é que qualquer ensinamento, seja ele cristão ou não, parte de uma premissa. Esta premissa é responsável por modelar o conteúdo e o modo de ensino. Assim, se a cosmovisão educacional do cristão estiver fundamentada em teorias estranhas à Palavra de Deus, absorveremos e propagaremos inverdades ao invés de propagarmos o reino.
Dado que as lentes pelas quais enxergamos a educação devem estar alinhadas com a Palavra de Deus, como então estruturar este modelo de ensino? A Bíblia nos oferece um arcabouço principiológico riquíssimo. Estes princípios são verdades absolutas e podem ser aplicados em qualquer esfera da sociedade. Com base em princípios, interpretamos os fenômenos sociais a partir da visão cristã e refletimos e decidimos de acordo com as verdades bíblicas. Vejamos dois exemplos práticos.
Um dos princípios que podemos extrair da Palavra de Deus é o princípio da semeadura, que chamaremos aqui de “Semear e colher”. Em Gálatas 6:7, Paulo escreveu: “aquilo que o homem semear, isso também ceifará”. Há diversos exemplos bíblicos de homens e mulheres que colheram coisas boas ou ruins conforme suas ações. Como exemplo, podemos citar José, Raabe, Absalão e Ananias e Safira.
Esse princípio pode ser aplicado à Matemática, por exemplo. Quando se ensina para uma criança as quatro operações básicas, é necessário ensiná-la também como isto interfere diretamente em sua vida. Se a criança recebe de seus pais uma pequena mesada, conseguirá comprar o brinquedo dos sonhos se for diligente na maneira em que administra o seu dinheiro. Porém, se gastá-lo de forma impensada, não terá a oportunidade de adquirir este e outros bens de maior valor. Assim, a organização é imprescindível para que a criança atinja suas metas.
Outro exemplo baseia-se no princípio da soberania de Deus sobre a criação. Deus criou o homem a sua imagem e semelhança (Gn 1:26). Ele criou o homem para se relacionar com Ele e com a sua criação. Vemos em diferentes trechos da Palavra como Deus abomina o assassinato e as injustiças, sobretudo em face dos menos favorecidos.
A partir dessa verdade, podemos compreender que políticas pró-aborto são contrárias ao que Deus planejou para o homem e para mulher. O aborto nada mais é que tirar a vida de um indefeso. Sendo assim, um estudante ou professor de Direito, por exemplo, deve defender a vida utilizando também dispositivos legais que garantem a proteção da vida do nascituro, bem como devem pensar em soluções eficientes para que a gestante com gravidez indesejada seja totalmente assistida e protegida.
A visão cristã para a educação foi promovida amplamente a partir da Reforma Protestante. Os cristãos entenderam que, para se relacionar com Cristo, a leitura da Bíblia era essencial. Por isso, passaram não apenas a traduzi-la, como também a ensinar pessoas “comuns” a lerem e a refletirem a respeito da Palavra. “Foi somente quando a Bíblia tornou-se novamente o foco do cristianismo é que a educação para as massas nasceu” (Kennedy e Newcombe).
Os cristãos também foram responsáveis por fundar diversas universidades, dentre elas Havard, Oxford, Cambridge, dentre outras. Embora desconhecido por muitos, a reforma também foi responsável pela universalização do sistema educacional a qualquer criança. Conforme pode ser aferido pelo artigo 206 da Constituição da República.
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV – Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
No Brasil, a educação consiste em um direito social, cuja promoção é dever do Estado e da família (Constituição da República, 1988, art. 205). Ao Estado, cabe ofertar ensino de conteúdo disciplinar, enquanto, à família, cabe a educação moral e religiosa dos filhos (Convenção Americana sobre Direitos Humanos, 1969, art. 12, 4). Entretanto, na prática, tem competido ao Estado a educação das crianças e adolescentes, seja como resultado da transferência voluntária de autoridade da família para o governo civil, seja em decorrência de uma interferência ilegal do Estado na autoridade familiar de educar. Tem sido o Estado o responsável por definir um currículo que prioriza a problematização à investigação, a crítica ao conhecimento, o desenvolvimento afetivo em relação ao cognitivo, e que possibilita a doutrinação político ideológica dos estudantes. Tem sido o Estado a ofertar, cada vez mais, educação em tempo integral, sobretudo, para a educação infantil. Tem sido o Estado a ditar e a promover o tipo de educação que as crianças e adolescentes brasileiros têm recebido.
Deus atribuiu a autoridade para educar à família e, de modo complementar, à Igreja. Deus não a deu ao governo civil por uma razão simples: a educação é um processo individual, não coletivo; particular, não partilhado; interno, não externo. Como tal, ela só se desenvolve apropriadamente na família. A família pode até delegar o ensino de conteúdo disciplinar de seus filhos ao sistema público e privado de ensino; mas jamais deve abdicar de sua autoridade e seu papel na educação dos mesmos. A família educa. Já a escola ensina.