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    A economia é a ciência que lida com a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia cristã é, por sua vez, o estudo da aplicação dos princípios ou leis bíblicas na produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Ela oferece um modelo econômico pelo qual o homem pode usar os recursos, ideias e energia concedidos por Deus para suprir suas necessidades humanas e glorificá-lo. A essa atividade humana de cunho econômico dá-se o nome de “mordomia”.

     

    1. Mordomia: criando e administrando fartura

    Deus iniciou a história da humanidade plantando um jardim (Gn. 2:15). Em seguida, ele criou o homem e, ao homem, Ele atribuiu a tarefa de cultivar e cuidar do jardim (Gn. 2:15). O homem deveria habitar e encher a terra (Gn. 1:28a) e, para tanto, a ele foi dada autoridade para subjugá-la e dominá-la (Gn. 1: 28b) – o termo hebraico para dominar, “radah”, significa “ter domínio ou autoridade”.

    Ao nos criar a sua imagem e semelhança, Deus nos fez co-criadores com ele. Ao homem, foi concedida a tarefa de dar luz a todo potencial da criação. Ao homem, foi dada a criatividade de Deus para criar. A criatividade do homem constitui, portanto, a maior fonte de riqueza na terra (bem como a fonte de pobreza). A criatividade humana, dentro de uma estrutura moral bíblica, cria uma infinita riqueza de ideias e, por conseguinte, fartura no mundo material. Onde há escuridão, o homem pode criar a lâmpada; onde há deserto, pode-se cavar poços; onde a terra é ociosa, o homem pode plantar um jardim. O homem é o criador, o descobridor, o explorador, o inovador, o responsável por tornar a terra mais produtiva, trabalhando nela, e por conservá-la, cuidando dela.

    Um bom exemplo do exercício da capacidade criativa do homem para gerar riqueza se refere à utilização atual da areia. A areia é tão comum em nosso mundo que Deus fez uma analogia entre ela e a população da terra. Ele prometeu a Abraão que sua descendência seria tão numerosa quanto a areia do mar (Gn. 22:17). A areia está em todo lugar, mas o grão de areia, por si só, não tem valor algum. Ele depende da criatividade humana para atribuir-lhe algum valor. O homem pode torná-lo em um chip de silício; outro pode enchê-lo com dados, atribuindo-lhe mais valor; outro ainda pode conectá-lo a um computador e fazê-lo valer muito. Companhias milionárias, como a Intel, foram construídas a partir de grãos de areia. A areia, claro, continua sem valor, mas o produto dela gerado pela criatividade humana tem grande valor e produz riqueza.

    Assim como Deus concebeu o universo e logo “trabalhou” para criá-lo, o homem deve transformar o mundo por meio de seu trabalho. Criar e administrar constituem papeis do homem enquanto mordomo desta terra. Quanto mais o homem aplica as leis de Deus e usa os dons que Deus lhe deu na execução dessas tarefas, mais fartura é produzida. O oposto, porém, também é verdade: quanto mais o homem segue e aplica leis e princípios falsos, maior a destruição da vida e da criação. É a desobediência aos mandamentos de Deus, não uma população em crescimento, entre outras explicações humanas disseminadas, que produz pobreza (Dt. 28).

    Na próxima seção, apresenta-se os princípios e leis bíblicas para um sistema econômico cristão que produz fartura, não pobreza.

     

    2. Princípios bíblicos da economia

    A Bíblia consiste, entre outros, em um manual de economia. Nela, estão descritos todos os princípios e leis sobre os quais um modelo econômico próspero deve ser construído. Grosso modo, a economia cristã deve corresponder a uma economia de mercado, isto é, ela deve assegurar o empreendedorismo individual, o mercado livre e os direitos à propriedade privada. Além disso, o sistema econômico cristão deve limitar dívidas, buscar eliminar a pobreza e deve penalizar ações desonestas, como a sonegação de impostos, como se discute a seguir.

    2.1. Liberdade de empreender (empreendedorismo individual)

    Cada homem e cada mulher são indivíduos únicos diante de Deus e na terra. Cada um(a) apresenta um talento especial concedido por Deus, que deve ser utilizado para tornar a terra mais produtiva. Do princípio da singularidade do ser humano vem a especialização e a divisão do trabalho. Cada pessoa complementa a outra no desempenho de suas responsabilidades econômicas individuais na sociedade.

    No entanto, para que os indivíduos desempenhem efetivamente seu papel econômico, é necessário ter liberdade. Deus nos concedeu livre arbítrio para escolher e decidir sobre todas as coisas (I Co. 10:23). Ele nos deu, inclusive, liberdade para escolher a qual Deus servir (Js. 24:15). Onde havia escravidão, Deus promoveu e proclamou a liberdade (Ex. 20:2).

    Nosso Deus é   Como homens e mulheres libertos e livres, cabe a nós “anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros” (Is. 61:1). Cabe a nós, ademais, defender e lutar por uma Nação livre (Lv. 25:10), em que homens e mulheres tenham liberdade para empreender e sejam livres para empregar o talento concedido por Deus na geração de riqueza na terra.

    2.2. Liberdade de produzir, distribuir e consumir (mercado livre)

    O princípio da liberdade econômica (livre mercado) deriva da liberdade individual dada ao homem por Deus. Deus criou os recursos naturais, pois sabia que o homem apresentaria necessidades básicas. Deus também dotou o homem de força física, de energia, e de autoridade para governar e administrar tais recursos (Gn 1:26). O homem foi colocado no jardim do Éden para cultivá-lo e para guardá-lo (Gn. 2:15), o que exigia trabalho.

    Deus, então, deu ao homem inteligência para criar as ferramentas necessárias para usar os recursos naturais e suprir suas necessidades. Desde o início, o homem usou de ferramentas para executar seu trabalho. Adão e Caim eram agricultores e provavelmente usavam ferramentas simples, tipo a foice, para colher os frutos. Abel era um pastor e possivelmente tinha uma vara ou um cajado para conduzir o rebanho. Da mesma forma, Moisés, um pastor de numeroso rebanho, possuía um cajado (Ex. 4) para executar seu trabalho. Com recursos naturais e ferramentas disponíveis e força física para utilizá-los, o homem produzia, distribuía e consumia livremente.

    Numa economia cristã, cada pessoa é livre para fazer o que sabe melhor e trabalhar com os recursos naturais disponíveis. Cada pessoa é livre para produzir e, como decorrência, para trocar sua produção com outros. Cada pessoa é livre para vender ou não o que produz e para comprar o que quiser. A troca de bens e serviços é voluntária e deve acontecer livremente entre os indivíduos. Numa economia cristã, o livre mercado é assegurado para que a execução das responsabilidades econômicas por cada pessoa seja plena e produza riqueza.

    2.3. Liberdade de possuir (propriedade privada)

    Outro princípio de uma economia cristã consiste na liberdade de possuir, isto é, no direito à propriedade privada. A propriedade é qualquer coisa que uma pessoa possui e controla por direito exclusivo. A primeira propriedade do indivíduo é interna e compreende os pensamentos, as opiniões, os talentos, as ideias, as emoções e a consciência que lhe diz o que é certo e o que é errado. Cada pessoa é responsável por sua propriedade interna e deve cuidar bem da mesma (At. 24:16).

    A forma como o indivíduo lida com sua propriedade interna determina como ele toma conta de sua propriedade externa. Os indivíduos podem possuir terras, casas, dinheiro, além de possuírem liberdades e direitos diversos. As liberdades individuais e para se conquistar bens e os direitos de propriedade devem ser garantidos pelo Estado. Já a aquisição de bens dependerá do esforço pessoal de cada indivíduo.

    Uma economia cristã está baseada, portanto, em liberdades e direitos individuais, bem como no esforço de cada indivíduo e, portanto, no mérito pessoal (Mt. 25: 14-30; Lc. 19: 11-26). Ela permite e garante que o povo seja retribuído conforme seu empenho e dedicação e tenha propriedade. Nela, cabe ao Estado assegurar e proteger o direito de cada indivíduo de possuir e garantir que a riqueza venha pelo mérito.

    2.4. Limitação de dívidas

    Outro princípio de uma economia cristã é o de limitação de dívidas. A Bíblia não proíbe dívidas, mas ela define limites e finalidades para as mesmas. As dívidas por meio de empréstimos foram essenciais para permitir que as pessoas saíssem da pobreza no período de formação da Nação de Israel. Os empréstimos eram feitos para que as pessoas criassem e desenvolvessem seu próprio negócio. A finalidade primária era tirar os pobres da situação de necessidade e permitir que eles se autossustentassem. O objetivo era, portanto, a capacitação econômica.

    Como tal, o empréstimo deveria ser levado a sério e não poderia ser negligenciado. Os pagamentos deveriam ser realizados em dia e o compromisso feito deveria ser cumprido (Rm. 13:8). Além disso, todo empréstimo deveria prescrever após determinado período de tempo (Dt. 15: 1-10). Os israelitas não podiam impor dívida perpétua a ninguém. Ao final de cada 7 anos, todas as dívidas deviam ser canceladas.

    Uma economia cristã livre e próspera incorpora tal entendimento sobre empréstimos e dívidas. O empréstimo dever servir, em primeiro lugar, enquanto um instrumento de inclusão das pessoas necessitadas no mercado produtivo e na comunidade, tornando-as financeiramente autônomas, e, em segundo lugar, como uma forma de ganhar dinheiro. A dívida, por sua vez, deve ser seriamente encarada e honrada, tal como acordado.

    2.5. Eliminação da pobreza

    Uma economia cristã livre e próspera deve ter como finalidade, ademais, a eliminação da pobreza. A construção de um sistema econômico sólido requer capacitação e crescimento de todas as camadas da população, inclusive, as menos favorecidas economicamente. O povo de Israel foi ensinado a esse respeito desde o início (Dt. 15). Deus ordenou que não houvesse nenhum pobre no meio deles, pois Ele mesmo os abençoaria ricamente.

    A pobreza seria eliminada pela oportunidade, não pelo assistencialismo. O assistencialismo deve se restringir àqueles que se encontram em uma situação em que, absolutamente, não possuem forma alguma de prover para si mesmos. Essa era a condição de Israel no deserto, após ser libertado da escravidão no Egito. Ao longo dos 40 anos no deserto, Deus proveu e supriu todas as necessidades de seu povo (Ex. 16: 4), uma vez que não haviam condições mínimas para produzirem e se sustentarem.

    No entanto, tão logo o povo de Israel conquistou a terra prometida, o assistencialismo de Deus cessou. Embora não tivessem dinheiro para comprar suprimentos, eles tinham os recursos naturais, a força física e as ferramentas para produzir e prover para si mesmos o sustento necessário (Js. 13). Eles possuíam, portanto, todas as condições para se desenvolver economicamente.

    Uma economia cristã, portanto, enfrenta a pobreza criando oportunidade, proporcionando as condições necessárias para que cada indivíduo adquira conhecimento, desenvolva seu talento e livremente o exercite economicamente para produzir riqueza e se autossustentar.

    2.6. Combate e penalização da corrupção

    O caráter cristão é a fundação de uma sociedade livre e próspera. Dentre seus atributos, está a integridade. A integridade fala de algo que está inteiro e pleno, de algo que não sofreu danos e não se encontra corrompido. Aplicada ao caráter humano, a integridade fala de pessoas honestas, incorruptíveis, cujos atos e atitudes são irrepreensíveis, são retos, estão de acordo com as leis vigentes.

    O homem foi criado íntegro, como Deus é íntegro. O pecado, porém, o corrompeu e, desde então, tem feito com que toda pessoa tenha que buscar a integridade diariamente. Um caráter íntegro agrada a Deus e traz prosperidade (II Sm. 22:26; Jo 1, Sl. 125: 4). Um caráter íntegro assegura um final de paz e de justiça (Sl. 37:37, Pv. 13:6).

    Uma economia cristã livre e próspera requer indivíduos íntegros. Só é possível ter e desfrutar de plena liberdade de empreender, produzir, distribuir, consumir e de possuir num contexto em que cidadãos não roubam empresários, trabalhadores não roubam patrões, patrões não roubam o governo civil e o governo civil não rouba seus cidadãos.

    Quando os limites da individualidade de cada pessoa e de cada esfera não são respeitados, há violação da liberdade individual e, por conseguinte, não há economia de mercado nem tampouco condições para se produzir fartamente e prosperar.

     

    Considerações finais

    Uma economia cristã livre e próspera se caracteriza pelo empreendedorismo individual, pelo livre mercado, pela garantia da propriedade privada, pela existência de mecanismos de limitação de dívidas e de penalização de ações desonestas, e pela busca pela eliminação da pobreza.

    No entanto, para que esse modelo econômico funcione bem, é necessário que os indivíduos sejam responsáveis, disciplinados, respeitosos, honestos e sábios. Somente quando os homens respeitam as propriedades dos outros e os contratos, não roubam ou enganam os outros e estão dispostos a produzir é que se pode alcançar uma Nação livre e próspera, como prometida por Deus.

     

    Referências Bibliográficas

    Cope, L. (2007). Modelo social do Antigo Testamento. Redescobrindo princípios de Deus para discipular as Nações. Paraná: Gráfica e Editora Jocum.

    McDowell, S.; Beliles, M. (1995). Libertando as Nações. Princípios bíblicos de governo, educação, economia e política. Belo Horizonte: Transformação Brasil.

    Miller, D. L. (2002). Discipulando Nações. O poder da verdade para transformar culturas. Curitiba: Fato É.